Os melhores filmes de 2022 até aqui
Trailer, sinopse e onde assistir cada um dos meus filmes favoritos lançados no primeiro semestre do ano
Com os seis primeiros meses do ano encerrados, resolvi trazer aqui quais foram os meus filmes preferidos lançados este ano. Alguns, embora disponibilizados no Brasil em 2022, têm como data oficial de lançamento 2021, por isso não serão tratados aqui. Recomendo que confira a minha lista de melhores de 2021 clicando aqui, bem como os melhores de 2022, já que neste texto abordarei apenas os dez melhores até o momento. No Letterboxd, sempre atualizo quais filmes quero assistir e quais acabei de ver, com críticas completas, recomendo que você me siga por lá. Sem mais delongas, vamos ao que interessa.
Ao clicar em cada título na lista logo abaixo, você será redirecionado a uma página do Adoro Cinema, contendo o trailer, a sinopse e onde assistir cada um dos filmes.
Top 10 de 2022:
1) Top Gun: Maverick (5/5)
2) The Northman (5/5)
3) The Batman (4.5/5)
4) Everything Everywhere All at Once (4.5/5)
5) Cha Cha Real Smooth (4.5/5)
6) Doctor Strange in the Multiverse of Madness (4/5)
7) Hustle (4/5)
8) The Unbearable Weight of Massive Talent (4/5)
9) The Outfit (3.5/5)
10) Fresh (3.5/5)
Top Gun: Maverick
Top Gun: Maverick com certeza entra pra lista de maiores sequências da história do cinema. Claro, não é um dos melhores filmes de todos os tempos e nem era pra ser, mas consegue ser melhor que o filme original, que, apesar de seus defeitos, marcou época, o que deve acontecer com o lançado em 2022.
Algumas coisas que fizeram o filme original ser tão bom e marcante não se repetem aqui, mas o atual traz novidades que o filme dos anos 80 nunca poderia trazer. É incrível ver ambos os filmes em sequência e notar como Tom Cruise cresceu como estrela de Hollywood, e como suas experiências cinematográficas depois do primeiro Top Gun o ajudaram a fazer o segundo.
No primeiro, o romance entre Maverick e Charlie é um dos pontos chaves do filme. Seu relacionamento é explorado desde o início, com Take My Breath Away ecoando sempre que dividem uma cena. Além disso, o relacionamento do piloto com seu parceiro Goose é o que dá a emoção que o filme busca entregar, o simbolismo de uma amizade baseada na confiança que Maverick constantemente quebra e reconquista.
Já no último filme lançado, o romance entre Maverick e Penny é extremamente artificial e irrelevante para o andamento da história. Os motivos para que o relacionamento existisse são inteiramente de bastidores, o que não vem exatamente ao caso aqui, mas essa parte poderia ter sido melhor lidada, melhor construída. Jennifer Connelly é uma excelente atriz, para não falarmos de Tom Cruise, o que evidencia que a ideia de trazê-la para o filme como par romântico de Maverick não só não foi boa, como não foi bem executada.
Contudo, embora não haja um parceiro tão importante para Maverick como foi Goose, afinal no filme de 2022 ele sempre voa sozinho, a introdução de alunos que serão instruídos por ele foi uma excelente forma de mostrar a evolução de um personagem ao longo do tempo. O casting é sensacional, e todos os jovens pilotos, muito pelo treinamento insano que passaram, entregam um ótimo trabalho. Miles Teller tem o destaque aqui, tanto pelo personagem que interpreta quanto pela qualidade de trabalho apresentada, algo que já estávamos acostumados.
A qualidade do elenco é observada em todos que participam do filme, até nos que tem menos destaque. Ocorre que esse destaque foi extremamente subutilizado em alguns atores, como Ed Harris e Charles Parnell, que poderiam participar mais ou até serem cortados do filme, pois seus personagens são introduzidos de forma que a audiência espere uma participação efetiva no restante do filme, mas os vemos por poucas cenas ou apenas para preencher silêncios no roteiro.
Como não falar também de Val Kilmer, um dos maiores atores da década de 90 que possibilitou que Tom Cruise tivesse tanto carisma no primeiro filme, mas que recentemente foi diagnosticado com um câncer de garganta e teve de ter sua participação duramente restringida na sequência. Iceman continua tendo um grande papel neste filme, e o ator, insistência de Tom Cruise para estar nesse filme, evidencia sua vontade de participar do projeto e de continuar contando a história que começou em 1986, apesar de qualquer dificuldade, por maior que ela seja.
A trilha sonora é outro ponto forte de Top Gun: Maverick. Composta por ninguém mais ninguém menos que Hans Zimmer, além de trilhas apresentadas por OneRepublic e Lady Gaga, a emoção que a cena traz é sempre aumentada pelas músicas que tocam de fundo. Talvez Hold My Hand não se torne Take My Breath Away, mas o objetivo de melhorar a já incrível experiência visual foi atingido com sucesso.
Por fim, precisamos falar das cenas de ação. Como disse no início, o filme de 2022 mostra toda a evolução de Tom Cruise como ator e produtor. Com inúmeras cenas inspiradas no melhor que Missão: Impossível já trouxe às telonas, a sensação de estar dentro dos aviões junto com os pilotos, ou apreensivo junto com os mecânicos nos porta-aviões é surreal. Replicar as manobras acrobáticas em CGI já seria um baita desafio, utilizando aviões de verdade, então, é algo inimaginável, mas Tom Cruise e toda a equipe do filme fizeram um excelente trabalho que nunca vai te deixar querendo mais.
Evidentemente, nem todo filme é perfeito, e Top Gun: Maverick não poderia ser diferente, possui um roteiro um pouco simples em vários momentos, com uma missão irrelevante para o público em geral, além de um dialogo (principalmente quando envolve o relacionamento de Maverick e Penny) bem clichê. Inclui, também, cenas legais, mas desnecessárias, como a cena do avião fictício Darkstar. Pode-se dizer ainda que o filme é quase uma propaganda da Marinha dos EUA e sua capacidade de sempre vencer, não importa a adversidade e a capacidade do inimigo (que também não apresenta uma ameaça que te faça se preocupar com os heróis). Em alguns momentos, também, o Deus Ex Machina fica tão evidente que incomoda.
Todavia, apesar de todos os problemas que já estamos carecas de presenciar nos filmes hollywoodianos, os acertos são tão positivos que os sobressaem. Claro, a missão não é uma ameaça ao público em geral, e o inimigo nem tem rosto, mas é impossível que você assista esse filme e não fique apreensivo durante o terceiro ato, se perguntando se algo de ruim vai acontecer, se algo não vai dar certo pro herói. Ainda, apesar de não haver nenhuma química entre Tom Cruise e Jennifer Connelly, é impossível não torcer para que o relacionamento dos dois eventualmente dê certo.
Sem dúvida nenhuma um dos melhores filmes desse ano, um raro acerto de Hollywood e um presente para os fãs do primeiro filme, principalmente para os fãs de um ator que já passou por diversos altos e baixos e que, felizmente, há pelo menos uma década vem numa crescente aplaudível, entregando cada vez mais de si aos seus filmes com a única intenção de fazer algo mágico.
The Northman
Um excelente épico Viking e com certeza o melhor filme de Eggers até agora. 2h e 17 minutos de pura ação e suspense, com uma cinematografia incrível e uma trilha sonora (que aqui vamos devidamente incluir os gritos dos personagens) que guiam o filme como o vento guia uma vela.
Normalmente costumo dizer que os filmes poderiam ter um pouco menos de duração para que tenham uma dinâmica mais agradável e menos tempo arrastando a trama, mas isso está longe de acontecer em The Northman. Nenhum segundo é perdido e revê-lo provavelmente será ainda melhor que assisti-lo pela primeira vez, com todas as suas nuances e detalhes escondidos ao olhar menos atento.
O elenco no papel é incrível e isso transmite para a tela. Skarsgård é um legítimo viking de quase dois metros de altura que faz qualquer um perto dele parecer uma criança. Anya Taylor-Joy demonstra toda sua beleza e sedução nos momentos mais inesperados. Nicole Kidman tem a melhor atuação em anos, sem dúvida nenhuma digna de Oscar, como sua colega supracitada. Dafoe & Hawke tem poucos minutos em tela mas são fundamentais em todo o desenvolvimento do filme. Não há uma pessoa sequer que faz um "cameo" no filme, todos, independentemente do tempo em que aparecem, entregam uma aula de atuação.
O roteiro não é nada inovador e não precisa ser, é uma história de vingança sem muitos plot twists ou reviravoltas e faz isso muito bem. Justamente pela simplicidade o final é um pouco esperado, mas toda a abordagem à misticidade nórdica, assim como a dualidade entre o real e o mágico muito bem explorada por Eggers fazem tudo isso valer a pena.
Com certeza um fortíssimo candidato a melhor filme do ano, isso vindo de alguém que foi com altas expectativas pelo filme. Para quem pode, presenciar essa obra no melhor cinema possível é a melhor maneira de apreciar a sétima arte.
The Batman
Um dos melhores filmes dos últimos anos e com certeza um dos melhores de super-heróis de todos os tempos. Tudo que elogiamos na trilogia Nolan, como realismo, fotografia, áudio, trilha sonora, elenco etc. é por vezes superado neste filme. Talvez não atinja o brilhantismo de Cavaleiro das Trevas, mas não é nenhuma ousadia fazer essa comparação.
Pattinson entrega um Batman que nem o mais otimista dos fãs poderia esperar. Paul Dano é incrível como charada e Zoe Kravitz é a melhor mulher-gato de todos os tempos. Sem palavras também para Colin Farrell, Jeffrey Wright e John Turturro que completam esta obra de arte.
É arrastado em alguns momentos e não tão satisfatório ou resolutório, por isso não ganha 5 estrelas, mas se fosse possível, com certeza receberia mais que 4.5.
Esse novo universo de Matt Reeves com certeza é empolgante, muito pelo exposto neste filme. Nos resta aguardar e torcer para que o(s) próximo(s) filme(s) seja(m) ainda melhores.
Everything Everywhere All at Once
Uma das melhores e mais criativas estórias que já tive o prazer de ver ser contada num filme. O roteiro também não fica pra trás, entregando coerência e coesão em algo que tinha tudo pra ser muito confuso. Impossível não elogiar também a edição, que, embora seja necessário um alto número de cortes e transições, os fazem muito bem, sem confundir o espectador ou alterar a estória que pretendia ser contada. O CGI é digno que um filme de uma grande produtora, que tem orçamento na casa das centenas milhões de dólares, por isso é ainda mais incrível quando você descobre que Everything Everywhere All At Once teve um orçamento de apenas US$ 25 milhões.
Talvez uma das coisas mais difíceis a se tirar desse filme seja o ator que teve mais destaque, não há uma performance ruim ou sequer medíocre, todos entregam muita emoção e carisma. Outro ponto positivo do filme é o humor, que é leve e por vezes “bobo”, no melhor sentido possível.
O ponto negativo ao meu ver fica no uso excessivo de slow motion e demora pra concluir determinadas cenas. Talvez se a estória fosse contada num livro eu teria um pouco mais de prazer ao consumi-la. Não obstante, como disse no início, a criatividade apresentada é digna de inúmeros prêmios. Em uma determinada cena, o diálogo ocorre entre duas pedras, e palavras na tela preenchem a cena. É difícil explicar esse momento do filme, mas é impossível que tamanha simplicidade não te surpreenda, pois embora seja algo que tenha tudo pra tirar sua atenção, é justamente nesse momento que você mais se prende ao filme.
A reflexão desejada entre a dualidade do niilismo e otimismo da mãe e filha e a evolução do arco das duas durante todo o filme é uma das melhores reflexões que tive em qualquer estória que consumi recentemente. Ainda que não seja algo que consome meu pensamento sequer raramente, me fez pensar em como eu reagiria caso tivesse que lidar com essa dúvida e ambiguidade em minha vida.
Eu poderia dizer que foi uma surpresa ver algo tão bom e tão diferente esse ano, ao passo que também poderia dizer que, talvez, as altas expectativas que tive antes de assisti-lo (com tantas críticas positivas e elogios) atrapalharam um pouco minha percepção do filme, mas a grande verdade é que foi uma das melhores experiências que tive recentemente e que com certeza terei num futuro próximo. Tem tudo pra se tornar um filme clássico, que fica melhor a cada vez que você assiste.
Nada como ver algo bom que sai da mesmice que Hollywood insiste em manter.
Cha Cha Real Smooth
Sabe aquele filme que aborda a vida exatamente como ela é, e que mesmo você não se identificando com nenhum dos personagens você consegue compreender exatamente o que ao menos um deles está passando? É o caso de Cha Cha Real Smooth, que embora possua um dos piores nomes que eu já vi, é uma grande obra de um iniciante ator e diretor.
Além disso, é um filme que pode agradar todas as idades e todos os gostos, pois não apela pra formas genéricas, coisas que funcionam com “todos” ou que trazem mais retorno financeiro. Por mais simples que seja toda a estória, é excelente ver algo diferente e inovador sendo abordado. O roteiro acompanha esses elogios, pois é justamente em sua simplicidade que se destaca, sem ser confuso, apelativo ou difícil de acompanhar.
Cooper Raiff, já em seu segundo crédito como diretor de um longa, é um dos grandes destaques. Sua atuação é absurdamente carismática e realista, o quão irritante isso possa ser depois de alguns dias convivendo com seu personagem. Como diretor, Raiff consegue abordar muito bem a transição de emoções que os personagens precisam enfrentar em determinados momentos da obra, quando um está em uma situação altamente vulnerável e vergonhosa, por exemplo.
Ainda sobre a atuação, é preciso dedicar ao menos um parágrado para Dakota Johnson. A atriz é incrível em Cha Cha, entrega enorme carisma, mas é capaz de transmitir muita emoção e sensualidade quando o roteiro requer. Capaz de ser maravilhosa nos momentos mais inesperados, Johnson também mostra os problemas que todo ser humano precisa enfrentar, além de problemas exclusivos de mães solteiras.
Não obstante, destaquemos também o incrível trabalho de Vanessa Burghardt, atriz com espectro autista diagnosticado na vida real, que parece não ter dificuldades de ser si mesma no filme, com todas as dificuldades que tal ato solicita. Leslie Mann é outro ponto positivo, pois mesmo tendo poucos minutos em cena, é fundamental para a progressão da história, além de representar muito bem uma pessoa com transtornos bipolares.
Ainda sobre a personagem com espectro, é preciso elogiar como o filme aborda essa característica. Em vez de trata-la como objeto de estudo e dedicar momentos para ensinar o que é isso e como a vida dela é diferente, o filme aborda a personagem com a naturalidade que isso requer, sem esconder suas dificuldades, mas mostrando que sua vida não é tão diferente assim.
Por vezes, Cha Cha escora em situações previsíveis, clássicas e repetitivas, mas sempre inova logo após esses momentos, não interferindo de qualquer forma na experiência geral. É possível também detectar clichês em alguns personagens secundários, que inclusive poderiam ser melhor explorados para que isso não acontecesse, mas como dito, são situações que em pouco interferem no andamento geral do filme.
O filme não possui a menor das durações, com 107 minutos, mas em nenhum momento você vai ter a sensação que o tempo não passa e que a estória não progride. É difícil ver, principalmente nos dias atuais, filmes que poderiam utilizar de mais tempo para engradecerem, mas felizmente este é o caso aqui.
Ainda sobre o roteiro, os diálogos do filme são muito bons, pois não são rígidos, ou seja, crianças e adolescentes conversam como se tivessem a idade que de fato tem, enquanto os adultos, mesmo que separados por poucos anos, entregam em suas conversas a diferença de maturidade que possuem.
A trilha sonora, ainda que não possua grande destaque ou relevância no filme, é mais um ponto positivo, pois compõe bem as cenas, sem roubar o destaque das expressões tão bem entregues pelos atores.
Cha Cha Real Smooth é um dos grandes filmes de 2022, pois não fica preso a o que já estamos acostumados. Inova, arrisca e tem êxito. Resolve a situação de todos os personagens, sem entregar de mão beijada tudo que acontece ao espectador, enquanto não deixa pontas soltas. Com certeza uma grata experiência para nos libertar de um mundo cinematográfico tão repetitivo.
Doctor Strange in the Multiverse of Madness
Um dos melhores diretores que a Marvel já escolheu para um de seus filmes. Não é o melhor do MCU, mas é o que o diretor mais teve liberdade artística, sem dúvida. Os toques de terror são excelentes, e só não ficam perfeitos pela insistência da Disney em não colocar um rating R.
Tem um começo devagar, demora a engrenar, mas não vejo isso como pontos tão negativos pois era preciso introduzir novos personagens e os desdobramentos daqueles que já conhecemos.
O elenco é muito bom, os conhecidos são ótimos e bem utilizados, enquanto os novos provam que de casting a Marvel entende. O roteiro, entretanto, é a parte mais fraca do filme.
A exploração do vilão, que você dificilmente saberá quem é apenas pelos trailers, é muito boa, tem um bom arco e realmente da a sensação de anti-herói em vários momentos.
A trilha sonora é outro ponto positivo, pois além de muito bem composta é ainda melhor utilizada, caindo nas cenas como uma luva.
Os efeitos visuais são incríveis e não deixam a desejar em nenhum momento.
A fórmula Marvel e o fan service aqui são muito mal utilizados. Por vezes o filme faz e refaz, pela milésima vez, tudo que os outros filmes da Marvel fizeram e que era legal lá no começo. O fan service também é bem desnecessário; se a inclusão de um ou mais personagens serve apenas para agradar alguns fãs desesperados e promover próximos filmes, mas não contribuem de maneira significativa neste filme em questão, não deveria acontecer. As referências ao MCU acabam sendo exageradamente reutilizadas e atingem um ponto de "obviedade", ou seja, você não só espera que vai acontecer como prevê, o que tira totalmente a graça.
No mais, um bom filme, que nos dá a esperança de que mais diretores com ideias diferentes tenham ainda mais liberdade com os heróis de maior sucesso da história do cinema.
Hustle
O costume com filmes de esportes é colocar o máximo possível de atores nas cenas do determinado esporte, e encher o filme de referências, por vezes com atletas famosos, para agradar tanto os aficionados, quanto os que vão ver o filme pela história. O problema é que fazendo isso, existe uma grande probabilidade de desagradar os dois lados. Os atores, por melhores que sejam no seu campo, dificilmente farão um bom trabalho como atletas, e as referências serão claramente uma jogada de marketing.
Dito isso, é preciso ressaltar o ótimo trabalho feito por toda a equipe de Hustle. Aqui, a ideia foi diferente: atletas na vida real interpretando personagens, atuando, e referências que cabem e contribuem para a história, ainda que boa parte delas tenha sido para aumentar o valor comercial do filme.
Se você não acompanha a NBA ou qualquer esporte, principalmente as ligas americanas, pode ter dificuldade de reconhecer quase todos os atores do filme, com exceção de Adam Sandler e Queen Latifah. E isso é um ponto positivo, pois prova que os atletas, boa parte ainda em atividade na maior liga de basquete do mundo, conseguiram entregar bons personagens, e poderiam facilmente seguir a carreira de ator se assim desejassem.
Sobre as de fato estrelas de Hollywood já consolidadas, é ótimo notar que Adam Sandler tem um dom para o drama, algo que já sabíamos desde Uncut Gems em 2019. Latifah, embora tenha pouca relevância nesse filme, entrega uma surpreendente química com o ator, e uma qualidade de comédia que também já conhecíamos.
O roteiro é o clássico filme de esportes que já estamos acostumados, com a estrela principal saindo de um lugar desconhecido, tendo dificuldades quando se relaciona com profissionais, e tendo um arco que se consolida após uma história de superação baseada na confiança e amizade ou amor pelo seu mentor, alguém já do esporte que nunca teve a chance de preencher seu devido potencial.
As cenas de basquete são muito bem coreografadas, e não há aquele clichê da estrela acertar uma sexta impossível, com um segundo faltando no relógio para salvar o dia. Claro, ele vence onde nunca venceria, simplesmente por ter “coração”, mas quem pode dizer que não é bom ver algo não tão realista de vez em quando?
Desta forma, não se trata de um filme perfeito ou uma obra de arte, mas acerta onde outros filmes de esporte acertaram e principalmente onde outros erraram, entregando um ótimo material. Para os fãs de NBA, é um prato cheio identificar cada referência e cada atleta que aparece; para os que não acompanham, é um bom drama de superação e dedicação que todos gostamos de ver.
The Unbearable Weight of Massive Talent
É sempre muito bom ver um filme que tenta algo diferente, ainda que não inédito. Um filme que não se leva a sério e que tem altas doses (pra não dizer é composto unicamente disso) de meta humor é melhor ainda, principalmente quando bem feito, e é o caso de The Unbearable Weight of Massive Talent. Aqui, Nicolas Cage faz um dos melhores papéis de sua carreira, fazendo constantes referências a todos os (vários) outros que colecionou durante sua vida, desde os mais bem recebidos pela crítica, até os que hoje são memes por serem tão ruins.
Se você viu alguns, mas poucos filmes do ator, pode não entender uma referência ou outra, mas isso em nada impacta a experiência. Ao contrário, a tendência é que a vontade de assistir as obras mais clássicas só aumente.
O melhor desse filme, entretanto, é Pedro Pascal. Um ator que tem colecionado papéis excelentes nos últimos anos, dos mais variados estilos, como Game of Thrones e Narcos, carrega a excelente comédia de The Unbearble Weight. Sua química com Nicolas Cage nos faz pensar se eles não são amigos de anos que resolveram fazer algo que queriam sem a intervenção de mais ninguém. O resto do elenco também é bom, embora nada acima da média que chame a atenção, o que sinceramente é indiferente.
Como disse no início, o grande feito desse filme é o meta humor presente em toda a sua duração, as constantes referência a outros filmes de Nicolas Cage e outros filmes em geral. Não se levar a sério é ótimo, mas quando isso é feito de forma orgânica é melhor ainda.
O terceiro ato deixa a desejar, pois acaba fazendo exatamente aquilo que o filme tanto repetiu que já estava batido. Ainda que fosse uma tentativa de não se levar a sério, não foi tão bem feito, e o filme caiu no velho clichê de filme de ação. É um pouco longo demais também, como quase sempre, um corte de 10 ou 15 minutos faria uma diferença enorme.
No geral, entretanto, é um ótimo filme, que não vai entregar o que você imagina, pois é impossível imaginar qualquer coisa, mesmo lendo sinopses, críticas e vendo trailers, a melhor experiência é a que você tiver.
The Outfit
Tem um excelente início e uma premissa melhor ainda, com um bom elenco e um roteiro não muito tradicional, levemente inspirado em filmes do Guy Ritchie. Porém, é justamente onde ele se consagra que demonstra seus graves problemas. O uso de plot twists é muito bem-vindo quando não é esperado e não é sobreutilizado, mas no caso de The Outift, a segunda regra não é observada.
O terceiro ato acaba se arrastando demais justamente por se tornar excessivamente imprevisível, sempre com mudanças bruscas, que deixam o espectador com a sensação de que nada mais importa, já que em alguns minutos uma nova verdade será revelada.
Em geral, um bom filme, muito pela duração de 106 minutos, o que permite que ele não seja longo o suficiente pra fazer você desistir de terminá-lo.
Fresh
Fresh faz uma boa união entre comédia e terror, sem explorar demais qualquer um deles, também trazendo suspense e drama em determinados momentos.
Talvez a melhor parte do filme seja sua introdução, que leva pouco mais que trinta minutos, quase 1/3 do filme. Nela, entendemos a motivação da personagem principal e todas as suas dificuldades em se relacionar nos dias atuais. Também conhecemos o personagem de Sebastian Stan, que mesmo sendo misterioso e "pobre" em detalhes, é extremamente interessante.
A atuação é o ponto forte do filme, muito graças a Daisy Edgar-Jones e Sebastian Stan. Os demais não fazem feio nem deixam a desejar, muito pelo roteiro que não os da muito para trabalhar, mas também não há qualquer destaque que chame a atenção.
É exatamente no roteiro onde o filme demonstra sua mediocridade, pois não se tratando de uma ideia inovadora nem mesmo complexa, qualquer furo é muito mais notável. São exatamente esses furos que corrompem o filme, já que em diversos momentos você se indaga sobre determinados personagens e momentos na estória que são inseridos e removidos sem qualquer explicação ou sequer menção. Em determinado momento, por exemplo, o personagem X envia para o personagem Y sua localização, claramente em um bairro residencial. Minutos depois, entretanto, Y busca encontrar X num lugar totalmente diferente e distante (não, não era localização ao vivo e o filme faz questão de mencionar isso ao mostrar Y tirando print da tela antes que a localização desapareça).
A trilha sonora tem destaque, mesmo sem ser algo digno de prêmios. É oportuna e bem escolhida, dando dinamismo tanto as cenas quando às personagens, onde essa combinação é muito bem-vinda.
Em geral, trata-se de um bom filme e nada mais que isso. Tem duração de 116 minutos, e em nenhum momento isso parece ser demais. Merece diversos elogios pela introdução bem explorada, mas também merece críticas pelo roteiro simples, mas repleto de erros. Daisy e Sebastian entregam um ótimo trabalho, demonstrando mais uma vez sua enorme capacidade de atuação.
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