Sinopse: Na sequência de Top Gun: Ases Indomáveis, acompanhamos a história de Pete “Maverick” Mitchell (Tom Cruise), um piloto à moda antiga da Marinha que coleciona muitas condecorações, medalhas de combate e grande reconhecimento pela quantidade de aviões inimigos abatidos nos últimos 30 anos. Entretanto, nada disso foi suficiente para sua carreira decolar, visto que ele deixou de ser um capitão e tornou-se um instrutor. A explicação para esse declínio é simples: Ele continua sendo o mesmo piloto rebelde de sempre, que não hesita em romper os limites e desafiar a morte. Nesta nova aventura, Maverick precisa provar que o fator humano ainda é fundamental no mundo contemporâneo das guerras tecnológicas. Após 34 anos do clássico, acompanhem o filme do premiado produtor Jerry Bruckheimer e de Joseph Kosinski, mesmo diretor de Tron: O Legado (2010) e Oblivion (2013).
Top Gun: Maverick com certeza entra pra lista de maiores sequências da história do cinema. Claro, não é um dos melhores filmes de todos os tempos e nem era pra ser, mas consegue ser melhor que o filme original, que, apesar de seus defeitos, marcou época, o que deve acontecer com o lançado em 2022.
Algumas coisas que fizeram o filme original ser tão bom e marcante não se repetem aqui, mas o atual traz novidades que o filme dos anos 80 nunca poderia trazer. É incrível ver ambos os filmes em sequência e notar como Tom Cruise cresceu como estrela de Hollywood, e como suas experiências cinematográficas depois do primeiro Top Gun o ajudaram a fazer o segundo.
No primeiro, o romance entre Maverick e Charlie é um dos pontos chaves do filme. Seu relacionamento é explorado desde o início, com Take My Breath Away ecoando sempre que dividem uma cena. Além disso, o relacionamento do piloto com seu parceiro Goose é o que dá a emoção que o filme busca entregar, o simbolismo de uma amizade baseada na confiança que Maverick constantemente quebra e reconquista.
Já no último filme lançado, o romance entre Maverick e Penny é extremamente artificial e irrelevante para o andamento da história. Os motivos para que o relacionamento existisse são inteiramente de bastidores, o que não vem exatamente ao caso aqui, mas essa parte poderia ter sido melhor lidada, melhor construída. Jennifer Connelly é uma excelente atriz, para não falarmos de Tom Cruise, o que evidencia que a ideia de trazê-la para o filme como par romântico de Maverick não só não foi boa, como não foi bem executada.
Contudo, embora não haja um parceiro tão importante para Maverick como foi Goose, afinal no filme de 2022 ele sempre voa sozinho, a introdução de alunos que serão instruídos por ele foi uma excelente forma de mostrar a evolução de um personagem ao longo do tempo. O casting é sensacional, e todos os jovens pilotos, muito pelo treinamento insano que passaram, entregam um ótimo trabalho. Miles Teller tem o destaque aqui, tanto pelo personagem que interpreta quanto pela qualidade de trabalho apresentada, algo que já estávamos acostumados.
A qualidade do elenco é observada em todos que participam do filme, até nos que tem menos destaque. Ocorre que esse destaque foi extremamente subutilizado em alguns atores, como Ed Harris e Charles Parnell, que poderiam participar mais ou até serem cortados do filme, pois seus personagens são introduzidos de forma que a audiência espere uma participação efetiva no restante do filme, mas os vemos por poucas cenas ou apenas para preencher silêncios no roteiro.
Como não falar também de Val Kilmer, um dos maiores atores da década de 90 que possibilitou que Tom Cruise tivesse tanto carisma no primeiro filme, mas que recentemente foi diagnosticado com um câncer de garganta e teve de ter sua participação duramente restringida na sequência. Iceman continua tendo um grande papel neste filme, e o ator, insistência de Tom Cruise para estar nesse filme, evidencia sua vontade de participar do projeto e de continuar contando a história que começou em 1986, apesar de qualquer dificuldade, por maior que ela seja.
A trilha sonora é outro ponto forte de Top Gun: Maverick. Composta por ninguém mais ninguém menos que Hans Zimmer, além de trilhas apresentadas por OneRepublic e Lady Gaga, a emoção que a cena traz é sempre aumentada pelas músicas que tocam de fundo. Talvez Hold My Hand não se torne Take My Breath Away, mas o objetivo de melhorar a já incrível experiência visual foi atingido com sucesso.
Por fim, precisamos falar das cenas de ação. Como disse no início, o filme de 2022 mostra toda a evolução de Tom Cruise como ator e produtor. Com inúmeras cenas inspiradas no melhor que Missão: Impossível já trouxe às telonas, a sensação de estar dentro dos aviões junto com os pilotos, ou apreensivo junto com os mecânicos nos porta-aviões é surreal. Replicar as manobras acrobáticas em CGI já seria um baita desafio, utilizando aviões de verdade, então, é algo inimaginável, mas Tom Cruise e toda a equipe do filme fizeram um excelente trabalho que nunca vai te deixar querendo mais.
Evidentemente, nem todo filme é perfeito, e Top Gun: Maverick não poderia ser diferente, possui um roteiro um pouco simples em vários momentos, com uma missão irrelevante para o público em geral, além de um dialogo (principalmente quando envolve o relacionamento de Maverick e Penny) bem clichê. Inclui, também, cenas legais, mas desnecessárias, como a cena do avião fictício Darkstar. Pode-se dizer ainda que o filme é quase uma propaganda da Marinha dos EUA e sua capacidade de sempre vencer, não importa a adversidade e a capacidade do inimigo (que também não apresenta uma ameaça que te faça se preocupar com os heróis). Em alguns momentos, também, o Deus Ex Machina fica tão evidente que incomoda.
Todavia, apesar de todos os problemas que já estamos carecas de presenciar nos filmes hollywoodianos, os acertos são tão positivos que os sobressaem. Claro, a missão não é uma ameaça ao público em geral, e o inimigo nem tem rosto, mas é impossível que você assista esse filme e não fique apreensivo durante o terceiro ato, se perguntando se algo de ruim vai acontecer, se algo não vai dar certo pro herói. Ainda, apesar de não haver nenhuma química entre Tom Cruise e Jennifer Connelly, é impossível não torcer para que o relacionamento dos dois eventualmente dê certo.
Sem dúvida nenhuma um dos melhores filmes desse ano, um raro acerto de Hollywood e um presente para os fãs do primeiro filme, principalmente para os fãs de um ator que já passou por diversos altos e baixos e que, felizmente, há pelo menos uma década vem numa crescente aplaudível, entregando cada vez mais de si aos seus filmes com a única intenção de fazer algo mágico.
5/5
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